O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fiocruz realizou um estudo sobre o Município de Goiana, neste Estado, concluindo que está despreparado para receber os grandes investimentos que estão em execução, devido à falta de infraestrutura para recebê-los.
Abrindo um parêntese a respeito do tema, que já abordamos em outra oportunidade, demonstrando a mesma preocupação com a área situada no entorno do Complexo de Suape, onde estão localizados empreendimentos, com repercussão sobre os municípios mais próximos – Cabo e Ipojuca -, aos quais faltam a mesma infraestrutura para suportar o grande número de pessoas que consegue emprego ou que para ali acorre em busca de trabalho. É uma situação semelhante à de Goiana, cujo mais importante investimento é a futura fábrica de automóveis da Fiat.
Ainda nas considerações sobre futuros problemas, em face da ausência de infraestrutura compatível com a demanda que já está acontecendo, pelo menos em Suape, convém lembrar que a cidade litorânea de Macaé, no de Janeiro, padece da mesma carência, uma vez ser o município brasileiro que mais recebe royaltys da Petrobras, pelo petróleo extraído em alto mar numa área considerada como litoral, apesar das centenas de quilômetros que distam das plataformas de exploração de petróleo.
Frise-se, ainda, que há outro motivo capaz de despertar apreensão dos seus moradores: a possibilidade de má aplicação ou, até mesmo, desvio dos royaltys recebidos para finalidades que fujam ao interesse do povo daquele município fluminense.
Retomando a questão inicial sobre Goiana e os polos automotivo, farmocoquímico e vidreiro, o estudo supracitado afirma que faltam, no município, infraestrutura, educação e saúde, condições básicas para o bom funcionamento dos elevados investimentos que estão sendo feitos ali.
Outra preocupação do trabalho destaca o temor de os índices de violência aumentarem em grande escala, com a chegada de trabalhadores de outras regiões e Estados, desdobrando-se no risco de inexistir um desenvolvimento auto-sustentável naquele município da Zona Norte deste Estado. A Análise Participativa da Realidade Socioambiental de Goiana, financiada pela Hemobrás, privilegiou duas das cinco dimensões do desenvolvimento sustentável, quais sejam a Ambiental e a Sociocultural . Para se materializar, agregou técnicas formais com a participação dos atores sociais do município, entre empresas, gestão pública e a população, esta última em 13 núcleos territoriais.
Destaca o estudo efetivado que 46,9% da população goianense estão inscritos no Programa Bolsa Família, revelando a baixa renda per capita das famílias que recebem até R$ 140,00 mensalmente. Paralelamente a essa situação de pobreza, registre-se que, apesar de o analfabetismo ter regredido de 34,6% para 18,3%, entre 1990 e 2010, a taxa de analfabetos é quase o dobro da brasileira (9,7%).
Mais ainda, o relatório afirma que somente 24% dos domicílios possuem rede de esgoto, enquanto 60% despejam os dejetos em fossas rudimentares., indicadores sociais reveladores da situação de grande carência do município. Todos esses dados e a conjuntura que envolve os empreendimentos devem continuar sendo objeto de preocupação das autoridades, sobre as quais seria conveniente refletir sobre o futuro de Goiana e as providências merecedoras de implementação.
Fonte: Folha PE