Este ano o Ministério da Saúde ampliou de dois para cinco anos anos incompletos a idade máxima para as crianças poderem participar da campanha de vacinação contra a gripe, que começa no próximo dia 22. A necessidade de ampliar o grupo dos pequenos a serem vacinados surgiu da identificação de que eles são os principais transmissores do vírus influenza.
Segundo as autoridades médicas, as crianças podem exalar os microrganismos causadores da doença um dia antes de começarem os sintomas e até 14 dias após serem diagnosticadas com a doença. Esse período "perigoso" é quase três vezes maior do que o de um adulto, que elimina o vírus por cerca de seis dias. O período maior de incubação do vírus é apenas um dos motivos para os pequeninos serem grandes transmissores da gripe. A relação de proximidade com os colegas de escola, parentes e vizinhos também torna o contágio mais fácil.
Para a médica Lúcia Bricks, diretora de saúde pública da fabricante de vacinas Sanofi Pasteur Brasil, o alto índice de transmissão da doença pelas crianças é uma verdade incontestável. “Historicamente, nós, médicos já sabemos que a infecção começa na criança e depois começamos a ver morte em adultos”, relatou a pesquisadora que alertou para o número de crianças hospitalizadas por causa da gripe: "Segundo o Ministério da Saúde, em 2013, quase cinco mil crianças, entre um e quatro anos, foram internadas até o mês de novembro".
No início deste mês, o Governo Federal anunciou que a campanha 2014 de imunização será realizada entre os dias 22 de abril e 9 de maio. Além dos pequenos, também devem ser imunizadas pessoas com mais de 60 anos, trabalhadores da área de saúde, gestantes e mães de crianças com até 45 dias de vida, indígenas, população carcerária e portadores de doenças crônicas não transmissíveis. Ao todo, serão distribuídas 53,5 milhões de doses da vacina, disponíveis em 65 mil postos de vacinação em todo o País. Com o custo de R$ 14 milhões, a campanha tem o objetivo de vacinar pelo menos 80% do público alvo, totalizando 49,6 milhões de pessoas.
“O ideal seria vacinarmos toda a população todos os anos. Mas são 200 milhões de pessoas, não há recursos nem estrutura para isso", ressaltou José Cássio de Moraes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, durante seminário sobre gripe promovido pela Sanofi Pasteur, nesta terça-feira (8), na capital paulista.
"O programa de vacinação do Brasil foi aumentando e incluindo mais pessoas com o passar dos anos. Hoje, temos um dos melhores programas do mundo”, completou José Cássio ao comentar a ampliação do público alvo da campanha.
CONTÁGIO - Altamente contagiosa, a gripe tem as vias aéreas como principal forma de disseminação, afetando, geralmente, as pessoas no final do outono, inverno e começo da primavera. Pode também ser transmitida de forma direta através de contatos, como o beijo, com pessoas portadoras do vírus influenza.
SINTOMAS - Febre e tosse são os principais sintomas da gripe. De acordo com a infectologista Rosana Ritchmann, se não houver essas indicações o paciente pode estar com outra doença. "Dor no corpo, espirros, cefaleia, dor de garganta. Esses alguns dos demais sintomas causados pela infecção pelo influenza. Mas, se não tiver febre e tosse, não é gripe" decretou a especialista que é membro do Comitê Permanente em Imunização da Secretaria de Saúde de São Paulo (CPAI).
VACINA - Todos os anos, a composição da vacina é atualizada de acordo com os vírus circulantes para garantir a eficácia do produto, afirma a Sanofi Pasteur, um dos laboratórios responsáveis pela vacina. A resolução está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Hemisfério Sul. Também por causa da mutação do vírus, a indicação é de que as pessoas se vacinem todos os anos. As pessoas que estiverem foram do grupo atendido pela campanha de imunização do Ministério da Saúde conseguem encontrar a vacina na rede particular por cerca de R$ 100 (em média).