Não é nenhum segredo que bandidos e membros de organizações
criminosas muitas vezes usam tatuagens como forma de identificar seus
integrantes ou delitos. O problema é que poucos sabem o que os símbolos
marcados nas peles desses indivíduos representam. Pois, segundo Ricardo
Senra da BBC Brasil, Alden dos Santos, um Capitão da Polícia Militar da Bahia, resolveu traduzir o significado dessas imagens e teria conseguido decifrar 36 delas.
De acordo com Ricardo, há 10 anos o Capitão vem trabalhando na
“decodificação” de tatuagens de presos e suspeitos tanto brasileiros
como estrangeiros. Para isso, o PM já avaliou cerca de 50 mil documentos
e fotos — obtidas de redes sociais e mídias impressas, assim como de
delegacias, presídios e institutos médicos legais — e, depois de isolar
as tattoos mais recorrentes, fez o cruzamento entre os desenhos e as informações das fichas criminais.
Personagens e símbolos

Durante os levantamentos, o policial percebeu que havia alguns
padrões bem claros entre crimes e símbolos, e descobriu, por exemplo,
que tatuagens de palhaços ou do Coringa parecem estar
associadas a roubos e morte de policiais, e que duendes e magos costumam
ser as figuras mais comuns entre traficantes. Ainda com a turminha dos
“tóxicos”, o Saci seria a imagem usada pelos responsáveis por preparar e distribuir drogas.
Imagens do diabo apontariam os pistoleiros, enquanto as caveiras
serviriam para identificar assassinos e matadores de policiais. Já as
cruzes indicariam elementos que já estiveram presos anteriormente, e a
combinação de cruzes e caveiras teriam significado de lealdade com
respeito aos colegas de cela, assim como serviriam para apontar quem
mata para não morrer.

Algumas imagens seriam tatuadas para discriminar os presos e, segundo
o Capitão Alden, muitas vezes a aplicação ocorre contra a vontade dos
acusados. Assim, desenhos de pênis serviriam para identificar
estupradores, e corações cortados por flechas, frases como “amor só de
mãe” ou as letras “D.A.” revelariam presos que enfrentaram vários anos
de servidão sexual nos presídios.
O Capitão também notou que alguns personagens infantis são bastante comuns entre os bandidos, como é o caso do Taz, Ligeirinho e Papa-léguas.Segundo
ele, o primeiro estaria ligado a crimes como furto, roubo e arrastões, e
os outros dois seriam comuns em delinquentes que distribuem drogas com
motos. E além de imagens mais elaboradas, o policial ainda deu atenção a
sinais mais simples presentes nos rostos e mãos dos bandidos. Veja:

Padrão universal?
Segundo Ricardo, o Capitão Alden também percebeu que muitos dos
símbolos tatuados pelos criminosos se repetem não só por todo o Brasil,
mas em outros locais do mundo, como na Rússia, nos EUA e em países da
Europa. Os levantamentos acabaram se transformando em uma cartilha de
orientação que vem sendo utilizada pela Secretaria de Segurança Pública
do Estado da Bahia, e você pode conferir o material disponibilizado pelo
PM através deste link.

Apesar das descobertas e da repercussão que a pesquisa do Capitão vêm ganhando — ele conta com mais de 9 mil seguidores no Facebook
—, o PM insiste em reforçar que o objetivo da cartilha não é o de
discriminar pessoas que tenham tatuagens, já que há milênios esse tipo
de arte é usada como forma de expressão.
O material, segundo disse, deve ser encarado como uma ferramenta para
facilitar o reconhecimento de suspeitos — e para alertar os oficiais
sobre bandidos que possam estar envolvidos com mortes de policiais
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