Vídeo: Colorido e brilhante, Galo Maestro da Ponte se levanta para brincar o Carnaval do Recife

Gigante da Ponte Duarte Coelho homenageia o Maestro Spok e o Clube Bola de Ouro


No início da noite da quinta-feira (12) pré-Carnaval, em que o Galo Maestro é montado na Ponte Duarte Coelho, no Bairro do Recife, diversas pessoas comentam o dourado reluzente (“ele brilha mais”), o saxofone e suas cores. Seu produto final é um conjunto de referências que aludem principalmente aos homenageados do Carnaval do Recife, o Maestro Spok e o Clube Bola de Ouro, que completa 100 anos de tradição. Com 27 metros de altura, no entanto, fica difícil perceber que a crista do galo são como três passistas-mosqueteiros que empunham, no lugar das espadas, sombrinhas no formato de lápis, caneta e pincel. O andar superior dos passistas indica o tema da roupa deste ano: “Frevo na crista”.

A ideia veio de um pré-sono do artista plástico Sávio Araújo, que está na concepção do Galo da Madrugada desde 2010, e compartilha as horas da madrugada para momentos de criação. “Tive essa ideia antes da tragédia que matou os cartunistas do Charlie Hebdo. Foi meu modo de homenagear o que, para mim, simboliza o conhecimento. A caneta representa o escritor, o pincel é do artista plástico e o lápis é o momento primeiro da criação, o esboço”.

Registrada a ideia, os trabalhos se tornaram mais intensos desde janeiro, quando foram transferidos para o ateliê de Sávio, em Nova Cruz, no município de Igarassu. Lá, parte da comunidade de Pirajuí (cerca de 30 pessoas) se divide para dar continuidade ao acabamento da criação: são os últimos ajustes nas asas, crista e peitoral, entre outras partes, para vestir a escultura cartão-postal do Carnaval do Recife. Ao todo, oito caminhões ficaram responsáveis por levar cada parte da escultura, por ordem de montagem, para o Centro do Recife, até às 22h da quarta-feira.

Igualmente há seis anos na equipe, a artesã Marli Gomes, 46 anos, trabalha com mais quatro pessoas na confecção, que conta com mais três pessoas fixas para montar as peças na estrutura. Marli ainda não viu o Galo pessoalmente desde que começou a fazer parte da equipe. Ainda que o trabalho seja dobrado na reta final, a artesã diz ser gratificante ver a famosa criação pronta, ainda que da TV. "Nos últimos dias, chegamos ao ateliê às 8h e só vamos embora bem tarde da noite, incluindo os fins de semana. O trabalho é cansativo, mas só em ver o Galo erguido na ponte, ganhando o mundo, dá um orgulho danado. Cada parte dele reflete o esforço de cada um. Isso é compensador", declarou.

Um guindaste, dois caminhões e cerca de 30 operários trabalharam
 por mais de 20 horas para levantar a estrutura
Também da equipe de decoração, Juliana Ferreira de Lima, de 18 anos, pretende ver antes o resultado final montado. “Me diverti da única vez que fui, mas tenho medo. Na quinta devo ver o resultado. Achei que esse ano foi especial, diferente, com cores mais bonitas”. A renda, segundo Juliana, “dá pra brincar carnaval e sobra muito”. Trabalhadores ganham uma média de entre um a dois salários mínimos, a depender do tempo.

Moradora da comunidade de Nova Cruz, a cozinheira Áurea Bezerra, 49, também está entre as mãos ajudantes. Orgulhosa, ela conta como dedica o seu tempo para ensinar a produzir as vassourinhas para o galo. "Com muita paciência, ensino a cortar, enrolar, passar o pente e queimar as pontas para não desfiar. Fico feliz ao passar para outra geração tudo o que aprendi com seu Sávio lá trás. Comecei fazendo as vassourinhas. Hoje, ensino", brincou ela, que se dedica ao ofício há 20 anos. No total, foram usadas 25 mil vassourinhas plásticas, tecidos com brilho e artigos emborrachados. "Quando se faz o que ama, a correria é um estímulo”, afirmou.

Neste último mês de preparo, também integraram o time José Silas, 14 anos, e Josimar dos Santos, 16, que reservaram quatro horas do dia para o estágio e outra parte para a escola. Ambos fazem parte do projeto Coração de Caju, idealizado por Sávio, que se incha de orgulho por Silas ao apresentá-lo. “Esse aqui ainda será um grande desenhista”. Esta é a segunda vez que o garoto ajuda a vestir o Galo. “Pra mim, é ótimo. E tenho orgulho de saber que participei”, diz animado. Para Josimar, em seu primeiro contato com a decoração e montagem, se sentiu animado com planos futuros. “Gostei de participar, de criar. Eu poderia ser engenheiro ou pintor”. A operação começou às 22h da última quarta-feira (11) e nas primeiras horas da manhã já era possível ver um galo com, praticamente, 90% da sua estrutura e revestimento prontos. Os mosqueteiros-passistas.

Várias pessoas esperavam o momento do Galo Maestro da Ponte se erguer majestoso na Duarte Coelho
E o galo se ergue

Para chegar à Ponte Duarte Coelho, um guindaste, mais dois caminhões de apoio e cerca de 30 operários trabalharam por aproximadamente 20 horas para levantar a estrutura de 27 metros de altura e 33 toneladas. Erguida a escultura, a ponte deixa de ser lugar de passagem e se torna lugar de contemplação de diversas famílias e pessoas de todas as idades.

O Galo Maestro tem um terno preto, uma das marcas do Maestro Spok, com detalhes que remetem a tapiocas e o doce nego bom, comidas típicas nordestinas. As estampas ainda trabalham com a imagem do caju, limão e sementes de jerimum. As esporas do galo continuam em forma de pistões dourados e as caneleiras se mostram como claves de clarinete. A professora Nazaré Clemente, 47 anos, não poupou a sinceridade. “Já teve ano bem feinho do Galo, esse veio caprichado, colorido, chamando mais a atenção”. Já a filha, Katyane Clemente, 17, diz que o saxofone é a peça que rende mais originalidade.

Assim como nos anos anteriores, o Galo da Madrugada vai “cantar” no Sábado de Zé Pereira o Frevo de Vassourinhas em intervalos de 15 minutos, a partir das 8h, enquanto aguarda a chegada do primeiro trio. Enquanto reproduz a música, vai girar 360º em seu eixo, uma alusão à dança do frevo. O maior bloco de Carnaval do mundo contará com seis carros alegóricos (dois a mais em relação ao ano passado) e colocará nas ruas 30 trios elétricos com diversos artistas que arrastarão os mais de 2,5 milhões de foliões pela avenida.

Fonte: Folha PE

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