Pescadores cobram incentivo, valorização para quem vive do mar

Muitos são taxados de bêbados, vagabundos ou marginais. O valor atribuído aos pescadores toma dimensão contrária à sua produção. Enquanto os trabalhadores do mar são marginalizados e necessitam de incentivos para capacitação, os frutos do oceano não poderiam ser mais apreciados pelo paladar dos consumidores. Tal realidade afeta a autoestima da comunidade pesqueira.

Muitos até se sentem invisíveis à sociedade. Por não conhecerem alternativas, antes oferecidas por políticas públicas como o Chapéu de Palha da Pesca, acomodam-se, creditando toda a responsabilidade ao governo. O último levantamento feito pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), em 2012, apontou a presença de 14 mil pescadores em Pernambuco. No Brasil, cerca de 60% dos pescadores estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, segundo dados da ONG Oceana.

Dinaldo do Nascimento, 56, vive da pesca há mais de 30 anos. Encarar uma realidade em que o peixe é mais valorizado do que o seu próprio trabalho, desabafa, é angustiante. “Aquele peixe que está na sua mesa ou aquele caldinho de sururu que você pede na praia, por exemplo, também tem nosso trabalho. Mas, a sensação que dá é que você é invisível, que não tem participação em nada”, desabafa.

Durante workshop que ocorreu entre os últimos dias 20 e 22, em Tamandaré, pescadores artesanais de vários estados estiveram reunidos para trocar experiências sobre como fortalecer a participação na gestão de pesca no Brasil. A diretora geral da Oceana, Monica Peres, apontou que muitos não sabem que a pesca artesanal tem grande importância nas economias locais. Dados da ONG estimam uma produção anual de pescado proveniente da pesca marinha extrativa entre 450 e 850 mil toneladas, dependendo do ano, e chega a responder por até 70% da produção nacional. Nesse contexto, Pernambuco ocupa a 15ª posição na produção.

Exigências
Algumas das dificuldades em desenvolver a prática pesqueira foram apontadas pelos que praticam o ofício. “Muitos até pegam embarcações emprestadas por não ter um barco próprio”, queixa-se Milson Gibson, 35. O programa Chapéu de Palha da Pesca, desativado há dois anos, foi uma perda para os pescadores. “O programa resgatava a autoestima. Não dá para fechar os olhos e maquiar essa realidade”, reconhece o presidente do Instituto Oceanário, Alexandre Carvalho.

Investimento para criar UCs
Dentro da política estadual, o Governo fará um investimento de R$ 2 milhões para a criação das Unidades de Conservação (UCs) nas áreas de populações que vivem da pesca artesanal. Inicialmente, serão destinados recursos para a Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Cruz; APA de Guadalupe; Bacia do Pina (Ilha de Deus e Parque dos Manguezais) e Reserva Extrativista Acaú Goiana. O aporte financeiro visa integrar as comunidades de pescadores às ações de monitoramento e proteção das unidades. Essa é uma das diretrizes da Política Estadual da Pesca Artesanal, projeto de lei aprovado ano passado pela Assembleia Legislativa do Estado.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier, a proposta inclui o zoneamento dessas APAs, onde a atividade pesqueira é destaque. “A partir desse zoneamento, poderemos mapear em quais pontos poderá ser exercida a pesca de forma que concilie com a sustentabilidade da região. Mesmo com os atuais desafios econômicos, estamos atentos aos pescadores que, reconhecemos, precisam de algum tipo de incentivo”, completou o gestor.

do G1

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