Barros justifica que a Shire aumentou o investimento após proposta da Octapharma.
Para o presidente Michel Temer, o carimbo que seu governo deixaria em Pernambuco, caso o ministro da Saúde, Ricardo Barros, concretizasse seus planos de construir uma fábrica de hemoderivados em Maringá (PR), não seria bom. Restaria ao peemedebista a marca de ter esvaziado a Hemobrás. A ministros e deputados, o chefe do Planalto já havia garantido, em conversas particulares, que Barros não avançaria sem o seu aval. Não à toa, ao se reunir com a bancada pernambucana, na noite de ontem, o titular da Saúde fez questão de grifar que a decisão de iniciar a construção de uma fábrica de Fator VIII recombinante, em Goiana, foi "política", tomada a pedido de Temer, informação que o ministro também fez questão de grifar na nota que assinou, ontem, anunciando o recuo nos planos de erguer a referida fábrica no Paraná, seu reduto eleitoral.
Em junho, Ricardo Barros chegou a determinar, via ofício, a suspensão da parceria com a Baxter/Shire. A medida foi lida por deputados pernambucanos como uma movimentação do ministro, “correndo” em favor de proposta da Octapharma para a construção de fábrica no Paraná. A movimentação desencadeou um pedido de liminar, como a coluna antecipou, protocolado pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, visando à manutenção do referido contrato com a Shire. À coluna, o procurador Marinus Marsico garantiu que o Ministério estava "prejudicando a execução do contrato" e afirmou: "Nós temos provas". No sábado, a coluna cantou a pedra sobre a reunião que os ministros teriam com o titular da Saúde, que acabou sendo decisiva.
Governador lamenta demora para...
Após o recuo do ministro da Saúde, o governador Paulo Câmara, à coluna, fez uma análise do resultado das negociações: "Estou acompanhando o caso Hemobrás desde o início, antes mesmo de ganhar destaque na imprensa. Em todos os momentos e reuniões, a Casa Civil da Presidência da República sempre informou que não aconteceria a transferência".
...garantia vir... > A intervenção decisiva do presidente Michel Temer, no entanto, na análise de Paulo Câmara, veio de forma tardia. "Infelizmente, o governo federal demorou muito a afirmar publicamente o que vinha nos sinalizando e terminou criando um clima de muita desconfiança em Pernambuco".
...a público > Paulo arremata: "Agora, esta informação contida no portal do Ministério da Saúde minimiza a desconfiança, mas vou continuar atento".
Tamo junto > Ministro das Cidades, Bruno Araújo, que esteve na reunião, ontem, com Ricardo Barros, à coluna, defende: "No momento que o Temer foi testado sobre o compromisso com Pernambuco, ele foi firme".
Pé atrás > O deputado João Fernando Coutinho adverte: "Só teremos motivos para comemorar quando estiverem funcionando, em sua plenitude, tanto a parte de recombinante como a de fracionamento do plasma". Na nota, o ministro grifa que a conclusão da Hemobrás "será objeto de outra negociação".
Fonte: Folha PE
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