Após decisão que tira MDB do palanque, Paulo vai a Goiana com Temer


Em busca de agenda positiva no Nordeste, o presidente Michel Temer (MDB) virá a Pernambuco nesta sexta-feira (23) para compromissos em Goiana, na Região Metropolitana do Recife. Três dias depois da intervenção da executiva nacional do diretório local, que retira o partido – que tem o maior tempo de televisão – do seu palanque, o governador Paulo Câmara (PSB) vai acompanhar as agendas, onde também estará o senador Fernando Bezerra Coelho, seu possível adversário nas eleições.


Apesar de os compromissos serem ligados à área do vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Raul Henry, que era presidente do MDB local e foi destituído para que o comando passasse para FBC, a visita não estava na sua agenda até o início da noite desta quinta-feira (22).

O primeiro compromisso é às 14h30, na fábrica da Fiat Chrysler Automobiles. O presidente mundial da holding, Sérgio Marchionne, o presidente do grupo na América Latina, Stefan Ketter, estarão no evento e devem fazer um anúncio para o mercado.

A agenda entra na pauta econômica de Temer, que não descarta tentar reeleição em outubro e agora já trata a candidatura como algo que “não é improvável”.

A fábrica da Fiat foi visitada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) durante a campanha de 2014 e foi usada pelos petistas contra o PSDB porque Aécio Neves, então concorrente dela, teria tentado atrair a unidade para Minas Gerais. Depois, a construção foi alvo de uma disputa de paternidade entre PT e PSB.

Hemobrás

Temer e Paulo Câmara vão em seguida à fábrica da Hemobrás, alvo de polêmica por causa da negociação do ministro da Saúde, Ricardo Barros, para levar o produto com maior valor agregado para o Paraná, seu reduto eleitoral. Ainda no cargo que deve deixar na próxima segunda-feira (26), o ministro deve usar a visita à fábrica de triagem e armazenamento de plasma para assinar parceria tecnológica para a produção de hemoderivados na empresa, além do anúncio de investimentos privados para o local.

O imbróglio envolvendo a Hemobrás começou no ano passado, quando Barros anunciou que estava negociando com a Octapharma a transferência da tecnologia de produção do fator VIII recombinante, medicamento usado no tratamento de hemofílicos, para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Hoje, a Hemobrás tem uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a Shire, que prevê a compra do recombinante e a transferência para que passe a ser produzido na planta de Goiana em 2023.

A articulação foi suspensa por intervenção de Temer, a pedido dos ministros pernambucanos e da bancada do Estado no Congresso.

Apesar disso, o ministério chegou a romper o acordo com a Shire unilateralmente, alegando ausência de investimentos. A empresa conseguiu, porém, uma decisão da 4ª Vara Cível do Distrito Federal mantendo o contrato. Acusando a pasta de não cumprir a decisão judicial, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir duas vezes o afastamento de Barros. A compra foi anunciada este mês, sob protestos do governo, que alegou estar pagando mais caro pelo medicamento da Hemobrás.

A fábrica em Goiana custou até agora cerca de R$ 1 bilhão e precisa de mais R$ 600 milhões para concluir os 30% restantes.

Briga no MDB de Pernambuco

Um dos aliados que devem receber Temer é Fernando Bezerra Coelho, que recebeu nessa terça-feira (20), após sete meses de racha no partido, o comando do MDB de Pernambuco. Opositor do governador Paulo Câmara (PSB), FBC se filiou à sigla em setembro do ano passado, com a promessa de Jucá de assumir a presidência da legenda, então com o vice-governador Raul Henry.

A questão foi judicializada pelo grupo de Henry, ligado ao deputado federal Jarbas Vasconcelos, e liminares obtidas no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) garantiram a suspensão da intervenção no diretório local. Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, abriu caminho para o processo, aprovado pela executiva nacional ainda na terça-feira.

Raul Henry recorreu agora ao Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto Fernando Bezerra Coelho assume o discurso de pré-candidato a governador pelo grupo “Pernambuco quer mudar”, liderado também pelo senador Armando Monteiro (PTB), pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e pelo deputado federal Bruno Araújo (PSDB).

Em sua última visita a Pernambuco, em fevereiro, Temer tentou colocar panos quentes na briga entre FBC e Raul Henry e afirmou que faria os dois voltarem a se olhar. Em evento na transposição do rio São Francisco, obra usada pelo presidente desde o ano passado para tentar alavancar a popularidade no Nordeste, os dois pernambucanos se evitaram. Na reunião da executiva nacional que decidiu pela intervenção no diretório estadual, sentaram frente a frente e trocaram acusações.

Fonte: Blog do Jamildo
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