Candidatos à Presidência buscam por sustentação no Congresso Nacional

Alianças mostram que a relação com o Legislativo garante facilidade para cumprir programas de governo

Além do tempo de tevê e do fundo eleitoral, o candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin, que conseguiu firmar alianças com o maior número de partidos, garante uma base maior no Congresso no ano que vem — tendo em vista as progressões de que não terá renovação prevista nas bancadas do Legislativo. Hoje, o tucano teria 253 apoiadores na Casa, caso fosse eleito. O PT teria 82 parlamentares na Câmara dos Deputados.
A governabilidade do próximo presidente dependerá da negociação de alianças e coalizões entre diferentes grupos partidários. Com apoio do centrão, composto por DEM, PR, PSD, PRB, SD, PPS, PP e PTB, Alckmin se cacifa como o candidato com maior base aliada.
Guilherme Boulos (PSol) e Marina Silva (Rede), por sua vez, têm as menores bancadas, com apenas seis deputados dos partidos na Câmara. No caso de Marina, apesar de compor chapa com Eduardo Jorge (PV), a legenda do vice já havia dito, em convenção, que seguiria neutralidade, para garantir boas posições e uma maior bancada — prioridade da sigla.

O ex-presidente Lula ocupa a segunda posição de candidatos com maior representatividade. Ao todo, são 82 parlamentares. O emedebista Henrique Meirelles, apesar de fazer parte da gestão atual, tem apenas 51 deputados —, pois não conseguiu aliança com nenhum outro partido.

Já Álvaro Dias (Podemos), que formou a chapa com Paulo Rabello de Castro (PHS), conseguiu unir 20 políticos, enquanto Ciro Gomes (PDT), abandonado pelo PSB, tem 19 correligionários. O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, deve apostar nos fiéis seguidores, pois, sem chapa, conta com o apoio de apenas oito políticos dentro do Congresso.

Para o cientista político Thiago Vidal, o centrão tem uma afinidade programática com o Alckmin, mas o alinhamento não garante, necessariamente, poder no Congresso. O fato do bloco ter apoiado o tucano, ainda durante o período pré-eleitoral, mostra que o candidato teve que ceder a alguns pontos cruciais para as siglas. “É muito provável que tenha havido negociação, porque há algumas divergências entre eles. O centrão deve ter pedido para que não haja aumento de impostos, nem que altere o texto da reforma trabalhista e que o próximo governo intensifique as parcerias público-privadas”, explica. Além disso, é preciso destacar que o mandato dura quatro anos e, até lá, o apoio pode mudar.

De acordo com Vidal, se Alckmin passar a ser alvo de alguma investigação ou não tiver a aprovação da população, terá de lidar com conflitos diretamente com a base aliada — assim como ocorreu com Michel Temer. Sobretudo porque, em 2019, o próximo presidente terá de lidar com a recessão e a crise fiscal, temas que mexem com o orçamento. “O próprio Alckmin disse que quer reduzir o deficit em dois anos, mas sem elevar a tributação. Como vai fazer isso? Terá de reduzir gastos. Com o corte, mexerá nas emendas parlamentares, moeda de troca antiga do governo com esses partidos.” O Centrão, segundo o cientista político, é um grupo que tem sobrevivido às custas de incentivos financeiros.

Dificuldade dos pequenos partidos

Para Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), quem tem mais chances de ter uma boa base é Alckmin, que conseguiu passar de um patamar de nove partidos. “Ele agregaria outros que, hoje, estão em outras coligações, ou que estão com candidaturas avulsas.”

Isso não significa que outras legendas não consigam sobreviver dentro do Congresso. Em eventual governo do PT, o partido poderia resgatar apoio de algumas siglas com quem, originalmente, mantinha diálogo. “O PR voltaria com segurança, o PP, também. Tem que levantar as alianças nos estados, mas o DEM, o PSDB, o Podemos e o PSL seriam partidos que não iriam de jeito nenhum para o lado dos petistas”, diz Queiroz.

Os pequenos partidos terão “dificuldade monumental”. Isso porque se não alcançarem 1,5% do eleitorado e não conseguirem eleger três deputados, então os parlamentares teriam de migrar para uma sigla maior. “Esses pequenos tendem a se esvaziar após o resultado da eleição. Porque, caso não atinjam o coeficiente eleitoral, vão ficar na cláusula de barreira. E os seus parlamentares, certamente, vão migrar para partidos que atingiram”, diz Queiroz. (Do Correio Braziliense)

Munições para o horário eleitoral

Petistas e tucanos estão preparando as munições para a guerra no horário eleitoral. As coligações montadas por PSDB e PT garantem a ambas as legendas os maiores espaços na propaganda gratuita no rádio e televisão, que se inicia em 31 de agosto. Os petistas apostam na retórica de que os adversários são a continuidade do governo Temer. Os tucanos, por sua vez, vão defender que a crise econômica foi construída nos 13 anos dos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma.

O horário eleitoral foi reduzido de 45 para 35 dias. Uma semana e três dias a menos para trabalhar o convencimento ou uma peça publicitária diferente, reconhece o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “Isso implica na campanha, mas vamos otimizar os esforços para termos boas possibilidades de vitória”, destacou.

A estratégia petista com as 26 inserções diárias e os 2 minutos e 22 segundos em cada bloco terá duas frentes. Uma é recuperar o histórico das gestões de Lula. O de um governo preocupado com emprego, distribuição e igualdade de renda.
O mote principal, contudo, será voltado para atacar a coligação montada por PSDB, que inclui o Centrão. A ideia é vincular a imagem da coalizão tucana como um grupo que entrega o pré-sal e apoiou a reforma trabalhista.

A tática tucana vai na mesma linha. Com 62 inserções diárias e 5 minutos e 32 segundos em cada bloco do horário eleitoral, a ideia é construir uma narrativa que mostre o PT como o responsável pela crise econômica. Os cerca de 45% do tempo de televisão são vistos pelos tucanos como suficientes para desconstruir a retórica adversária e mostrar como uma gestão comandada por Geraldo Alckmin pode recolocar o Brasil nos trilhos, explica o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), primeiro vice-líder da legenda na Câmara. “Vamos ter a possibilidade de recontar a história. E o PT terá menos tempo que nós para contra-atacar.”

Sem muitos minutos de televisão, as legendas acreditam que Jair Bolsonaro, do PSL, pode desidratar. “Ele vai sumir deste debate”, disse Gomes.

A estratégia do PT e do PSDB será voltada para o confronto direto entre ambos. Para o cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a estratégia não é equivocada. “Não acredito que escolherão Bolsonaro como um rival. Quanto menos comentarem, mais isolado ele ficará em termos comunicativos. A estratégia das legendas é polarizar o debate e deixar Bolsonaro de lado, para desaparecer no horário de televisão.” (CB)

FONTE: Diário PE
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