No penúltimo dia para a desocupação do Edifício Holiday, terça-feira, a correria de moradores e serventes foi visível
Nesta quarta-feira chega ao fim da data limite estabelecida pela Justiça para que os moradores do edifício Holiday, no bairro de Boa Viagem, deixem suas respectivas residências. Um laudo, garantindo não haver mais riscos de desabamento, feito por engenheiros voluntários, no entanto, pode ser a “carta na manga” dos ocupantes da edificação. O documento foi concluído terça-feira e encaminhado ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A ideia é que os reparos necessários sejam feitos, sem a remoção dos residentes.
“O dia de hoje (terça-feira) foi de muito trabalho para conseguirmos o laudo que garante a sobrevivência do prédio. Vamos encaminhar à Justiça as nossas demandas, garantida por engenheiros e arquitetos voluntários, e acreditamos obter sucesso, sim”, disse o síndico do Holiday, José Rufino Neto. Por outro lado, no entanto, no penúltimo dia para a desocupação do Edifício Holiday, terça-feira, a correria de moradores e serventes foi visível. Os responsáveis pelo frete transportam geladeiras e fogões pelos 17 lances de escada do prédio, enquanto o sentimento de tristeza e revolta foi substituído pela procura de uma nova moradia.
Flávia Vilas, moradora há 15 anos, está com a mudança agendada para amanhã de manhã pelo Serviço Social, e descreve essa terça-feira como angustiante. Varrendo o lixo acumulado nos corredores do edifício, a situação é caótica sem energia e água. “Tive que procurar uma casa às pressas”, desabafa, “tá todo mundo inconformado, sendo que a culpa é um pouquinho de cada. O Governo não liga para a gente, mas os moradores também não têm conscientização, jogam lixo pela janela o tempo todo”.
Entre entulhos de lixo e apartamentos vazios, encontramos Júlio César, que ajudava sua tia na mudança e se despedia do local em que passou sua infância e adolescência. Mais novo que o Holiday, o contador de 27 anos parece ser um morador experiente e conta com paixão a história do edifício. “O Holiday é icônico na sua arquitetura e história, e representa muito do Recife. A dicotomia entre ricos e pobres talvez seja o que mais chame atenção por aqui, porque parte do que foi a cidade está aqui”. Para ele, o prédio representa muito mais do que a fama de violento e degradante, “é um elefante no meio de Boa Viagem que as pessoas têm medo, mas que na verdade tem muita gente boa, trabalhadora”.
Júlio ainda descreve, no meio das caixas de mudança de sua tia, a dor e correria que se instaurou há quatro dias, quando houve a interdição do edifício e a ordem de desocupação. “É uma pena que a gente tenha vários outros exemplos de prédios antigos bem cuidados ao redor do Holiday, mas que esse esteja desse jeito”. Assim como Flávia, Júlio também culpabiliza a administração interna e os habitantes pelo estado em que o imóvel chegou. Ele relembra os avisos do Estado desde 2008, e alerta que grande parte dos inquilinos não foi informada dessas condições. “Eu me pergunto como vai ser Boa Viagem depois que o Holiday for fechado”, conclui, “acredito que todos vão sair daqui para amanhã e que essas pessoas voltarão para vermos esse período apenas como uma fase ruim”.
Enquanto isso, representantes do Governo do Estado, da Prefeitura do Recife, Câmara Municipal, além do síndico do Edifício Holiday Rufino Neto, acompanhado de engenheiros e advogados se reuniram nesta terça (19) para discutir outras alternativas possíveis para o imóvel.
FONTE: FOLHA PE

Nesta quarta-feira chega ao fim da data limite estabelecida pela Justiça para que os moradores do edifício Holiday, no bairro de Boa Viagem, deixem suas respectivas residências. Um laudo, garantindo não haver mais riscos de desabamento, feito por engenheiros voluntários, no entanto, pode ser a “carta na manga” dos ocupantes da edificação. O documento foi concluído terça-feira e encaminhado ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A ideia é que os reparos necessários sejam feitos, sem a remoção dos residentes.
“O dia de hoje (terça-feira) foi de muito trabalho para conseguirmos o laudo que garante a sobrevivência do prédio. Vamos encaminhar à Justiça as nossas demandas, garantida por engenheiros e arquitetos voluntários, e acreditamos obter sucesso, sim”, disse o síndico do Holiday, José Rufino Neto. Por outro lado, no entanto, no penúltimo dia para a desocupação do Edifício Holiday, terça-feira, a correria de moradores e serventes foi visível. Os responsáveis pelo frete transportam geladeiras e fogões pelos 17 lances de escada do prédio, enquanto o sentimento de tristeza e revolta foi substituído pela procura de uma nova moradia.
Flávia Vilas, moradora há 15 anos, está com a mudança agendada para amanhã de manhã pelo Serviço Social, e descreve essa terça-feira como angustiante. Varrendo o lixo acumulado nos corredores do edifício, a situação é caótica sem energia e água. “Tive que procurar uma casa às pressas”, desabafa, “tá todo mundo inconformado, sendo que a culpa é um pouquinho de cada. O Governo não liga para a gente, mas os moradores também não têm conscientização, jogam lixo pela janela o tempo todo”.
Entre entulhos de lixo e apartamentos vazios, encontramos Júlio César, que ajudava sua tia na mudança e se despedia do local em que passou sua infância e adolescência. Mais novo que o Holiday, o contador de 27 anos parece ser um morador experiente e conta com paixão a história do edifício. “O Holiday é icônico na sua arquitetura e história, e representa muito do Recife. A dicotomia entre ricos e pobres talvez seja o que mais chame atenção por aqui, porque parte do que foi a cidade está aqui”. Para ele, o prédio representa muito mais do que a fama de violento e degradante, “é um elefante no meio de Boa Viagem que as pessoas têm medo, mas que na verdade tem muita gente boa, trabalhadora”.
Júlio ainda descreve, no meio das caixas de mudança de sua tia, a dor e correria que se instaurou há quatro dias, quando houve a interdição do edifício e a ordem de desocupação. “É uma pena que a gente tenha vários outros exemplos de prédios antigos bem cuidados ao redor do Holiday, mas que esse esteja desse jeito”. Assim como Flávia, Júlio também culpabiliza a administração interna e os habitantes pelo estado em que o imóvel chegou. Ele relembra os avisos do Estado desde 2008, e alerta que grande parte dos inquilinos não foi informada dessas condições. “Eu me pergunto como vai ser Boa Viagem depois que o Holiday for fechado”, conclui, “acredito que todos vão sair daqui para amanhã e que essas pessoas voltarão para vermos esse período apenas como uma fase ruim”.
Enquanto isso, representantes do Governo do Estado, da Prefeitura do Recife, Câmara Municipal, além do síndico do Edifício Holiday Rufino Neto, acompanhado de engenheiros e advogados se reuniram nesta terça (19) para discutir outras alternativas possíveis para o imóvel.
FONTE: FOLHA PE
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