O risco de um ataque de tubarão no litoral paraibano é ínfimo, mas essa situação pode mudar, caso seja construído o Porto de Goiana (PE), que tem sido estudado, nos últimos anos, pelo Governo de Pernambuco. O alerta é do biólogo, oceanógrafo e especialista em tubarões e arraias, Ricardo Rosa, que é também professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Segundo Rosa, os impactos poderão ser semelhantes aos observados em Boa Viagem, em Recife. Na Paraíba, seriam afetadas as praias do Litoral Sul, como Pitimbu, Praia Bela e até Tambaba.
Isso acontece porque, conforme explica o pesquisador, a construção desse tipo de obra pode impactar profundamente o bioma aquático, como fez o Porto de Suape, no litoral pernambucano. Além do tráfego intenso de navios na costa (que faz com que os tubarões sejam atraídos e entrem em correntes de deriva, que os fazem chegar às praias urbanas), há fatores como a degradação dos ambientes naturais, como os arrecifes e os estuários. “Para algumas espécies que vivem mais nos ambientes de arrecife, como o tubarão-lixa, a alimentação já está comprometida pela degradação e pela pesca. Então, eles se aproximam do litoral”, explicou.
Diferente de Pernambuco – que tem mais de 50 incidentes envolvendo tubarões e banhistas –, a Paraíba só tem um registro de ataque, ocorrido ainda no começo do século passado. A depender da própria ecologia paraibana, esse risco continua a ser mínimo, ainda que o Porto de Cabedelo se expanda. “Em Suape, a circulação marinha foi alterada. Eles fizeram quebra-mares e chegaram a modificar o estuário. Em Cabedelo, não. Só existe um quebra mar e a dragagem, que não foi tão grave. Não é que não exista possibilidade, mas é mais remota, também pelas características do nosso litoral, que não tem grandes estuários e é mais protegido, com arrecifes e sem canais profundos próximos às praias”, observou Ricardo Rosa.
Com o Porto de Goiana, entretanto, a ameaça viria de Pernambuco. “Se ali houver modificação ambiental significativa, os tubarões podem se deslocar para o nosso Litoral Sul. Essas correntes de deriva costeira são, em geral, no sentido sul para o norte”, explicou. É por isso que estaria ameaçada a balneabilidade em praias de cidades como Pitimbu e Acauã.
Fonte: ofatoemfogo